Filtros domiciliares
Pode-se afirmar que a filtração domiciliar constitui um hábito cultural dos brasileiros. É controvertida no entanto a necessidade de uso desses dispositivos. A seu favor argumenta-se que constitui a última barreira sanitária, capaz de reter eventuais partículas, até mesmo microrganismos presentes na água.
Há porém, argumentos contrários à sua utilização, como:
É óbvio que, em locais onde ocorre a distribuição de água bruta, de qualidade físico-química e bacteriológica comprometida, destinar exclusivamente ao filtro domiciliar a função de condicionar a água é incorreto. Porém, quando a turbidez não é excessivamente elevada a ponto de entupir o filtro com muita frequência, a combinação filtro-desinfecção domiciliar pode resultar em uma água com razoáveis condições de consumo.
Por outro lado, em locais onde existe um sistema público, que distribui água enquadrada nos padrões de potabilidade, os filtros domiciliares podem exercer papel de barreira contra eventuais recontaminações nas instalações prediais, sobretudo nos reservatórios. É oportuno lembrar que, como nos filtros lentos, os filtros domiciliares — de vela, areia ou outro material filtrante — desenvolvem um poder bactericida, através de um tratamento realizado pela camada biológica existente, que pode ser removida após a operação de limpeza.
Alguns tipos de filtros domiciliares:
Filtro de vela
Os filtros domiciliares mais tradicionais são os de vela de porcelana.
Uma operação importante nesses filtros é a da limpeza, na qual é tradicional o emprego de material abrasivo, como o sal e o açucar. Essa prática, porém, não é recomendável, pelo fato de a superfície de menor porosidade da vela, normalmente vidrada, é danificada. Após essa operação o consumidor sente uma melhor capacidade de filtração da vela, sendo que na verdade ocorre um comprometimento de seu desempenho.
Filtro de Areia
O filtro de areia tem um funcionamento semelhante ao dos filtros lentos das ETA. De forma similar, a limpeza desse tipo de filtro deve ser realizada através da raspagem da sua camada mais superficial. Após diversas limpezas, o leito filtrante deve ter sua espessura original reconstituída.
É usual a previsão de uma camada de carvão vegetal, na parte interior do filtro de areia, objetivando a adsorção de compostos responsáveis pela presença de sabor ou odor.
A eficiência dos filtros domiciliares de areia é, entretanto, discutível. Existem registros que mostram situações onde a água filtrada tem um maior conteúdo de bactérias que a não filtrada, não é recomendando assim a utilização dessas unidades, a menos que a água seja fervida ou desinfetada, após a filtração.
Aparelhos industrializados
Atualmente, o mercado, principalmente para os consumidores de maior poder aquisitivo, oferece uma grande variedade de aparelhos domiciliares.
Existem os que empregam recursos para a desinfecção, como a ozonização e o nitrato de prata. Não se pode assegurar uma confiabilidade total desses aparelhos, seja pela conversão incompleta do oxigênio em ozona, no primeiro caso, seja pela progressiva perda do poder bactericida, no segundo.
Há os dispositivos que se propõem a reduzir sabor e odor, por adsorção com carvão ativado. E necessário, entretanto, a periódica troca do meio adsorvente, quando de sua saturação.
Existem, finalmente, os dispositivos de filtração, com diversos meios filtrantes, como terra diatomácea, carvão, areia e materiais sintéticos. Nesses, a eficiência da limpeza do filtro é essencial para seu bom funcionamento.
Desinfecção
Algumas soluções simplificadas para a desinfecção de águas de pequenas instalações e a nível domiciliar podem ser utilizadas, obtendo um resultado confiável e satisfatório.
Hipocloração
A hipocloração consiste na previsão de um dispositivo dosador, para o hipoclorito - de cálcio ou de sódio. O requisito básico para um dosador é sua habilidade em regular com precisão a quantidade a ser aplicada do produto.
O hipoclorito de cálcio é um produto sólido, comercialmente fornecido em forma granular, com conteúdo de cloro ativo de 70%. Deve ser diluído em água, para aplicação, apresentando boa diluição.
O hipoclorito de sódio é encontrado sob a forma de solução, a cerca de 12 a 15% de cloro ativo. A água sanitária é uma solução diluída de hipoclorito de sódio, contendo entre 2 a 5% de cloro ativo. Um problema com o uso da água sanitária para desinfecção é sua adulteração, responsável pela concentração de cloro no produto inferior à declarada em seu rótulo.
Clorador por difusão
O uso indiscriminado de poços rasos no Brasil, especialmente nas localidades onde inexiste um sistema público de abastecimento de água, torna esse dispositivo potencialmente bastante útil. Trata-se de um equipamento para dosagem de cloro, que pode ser instalado no interior do poço raso, e que libera cloro numa velocidade relativamente homogênea, mantendo um teor residual até o término de sua vida útil, usualmente em torno de 30 dias. Nesse momento deve ser substituído.
O dosador é constituído de um recipiente e de uma mistura de areia com cloro, colocado em seu interior, quanto à mistura, são utilizados areia com um produto granular de cloro, podendo ser a cal clorada, que possui cerca de 30% de cloro ativo, ou o hipoclorito de cálcio, com aproximadamente 70%.
Clorador de Pastilha
A vantagem dessa solução consiste na dispensa do aparato para dosagem do cloro, uma vez que, nesse caso, a cloração é realizada em linha.
Não devem ser utilizadas pastilhas do tipo empregado em piscinas, pelo seu possível efeito nocivo sobre a saúde. Uma alternativa recomendável é o uso de pastilhas de hipoclorito de cálcio, disponíveis no mercado, embora com custo superior ao das pastilhas para piscinas. Como, porém, a solução tem uma aplicação potencial em pequenas instalações, o acréscimo de custo operacional não chega a inviabilizar o uso das pastilhas de hipoclorito.
Desinfecção Domiciliar
A desinfecção domiciliar usualmente é realizada quando se recebe água de um sistema coletivo sem tratamento. Os principais agente desinfetantes empregados são o cloro (com mais frequência o hipoclorito de sódio) e o iodo.
No caso do cloro deve ser calculada a diluição necessária para o preparo da solução, observando o teor de cloro livre do produto empregado, se água sanitária ou hipoclorito de sódio a 12-15% ou de água sanitária. Sugere-se preparar uma solução a 2% e dosar o necessário para satisfazer a demanda de cloro na água, função da quantidade de matéria orgânica presente. Quando não é realizado um ensaio para a determinação da demanda de cloro, pode-se empregar, como referência, dosagens entre 1 e 5mg/l.
No caso do iodo, emprega-se a chamada tintura de iodo a 8% e uma solução de hipossulfito de sódio. São colocadas 20 gotas da tintura de iodo em um garrafão de 20 litros e, posteriormente, este é completado com água a ser tratada. A mistura é deixada em repouso por uma hora. Em seguida adicionam-se 20 gotas da solução de hipossulfito. O garrafão é então agitado e colocado novamente em repouso por uma hora.
A finalidade da solução de hipossulfito é neutralizar o excesso de iodo ainda presente na água após o primeiro período de repouso. Se as 20 gotas de solução de iodo não são capazes de produzir uma tonalidade amarelada na água, significa uma elevada contaminação, exigindo portanto uma quantidade adicional do desinfetante. Nesse caso, deve-se adicionar uma gota de tintura de iodo e agitar a mistura, sucessivamente até se obter uma tonalidade amarelo pálida.
Como Tratar a Sua Água de Beber
Todas as noites antes de dormir, faça o seguinte:
1. Coloque na bilha a água que sobrou do filtro.
2. Coloque na parte de baixo do filtro 03 gotas de água sanitária para cada litro de água que você colocar na parte de cima do filtro.
3. Durante a noite, use apenas a água da bilha.
4. Pela manhã, você já pode usar a água do filtro normalmente.
Fonte: BARROS, Raphael T. de V. et al. Saneamento. Belo Horizonte: Escola de Engenharia da UFMG, 1995. (Manual de saneamento e proteção ambiental para os municípios).
Pode-se afirmar que a filtração domiciliar constitui um hábito cultural dos brasileiros. É controvertida no entanto a necessidade de uso desses dispositivos. A seu favor argumenta-se que constitui a última barreira sanitária, capaz de reter eventuais partículas, até mesmo microrganismos presentes na água.
Há porém, argumentos contrários à sua utilização, como:
- baixa eficiência e irregularidade na remoção da turbidez e de patogênicos;
- formação de uma película biológica, em torno do elemento filtrante, na qual pode ocorrer o desenvolvimento de patogênicos oportunistas;
- nos países desenvolvidos, não é empregada a filtração domiciliar, uma vez que é inteiramente confiável a qualidade da água do sistema público, embora ali também não sejam utilizados os reservatórios domiciliares.
É óbvio que, em locais onde ocorre a distribuição de água bruta, de qualidade físico-química e bacteriológica comprometida, destinar exclusivamente ao filtro domiciliar a função de condicionar a água é incorreto. Porém, quando a turbidez não é excessivamente elevada a ponto de entupir o filtro com muita frequência, a combinação filtro-desinfecção domiciliar pode resultar em uma água com razoáveis condições de consumo.
Por outro lado, em locais onde existe um sistema público, que distribui água enquadrada nos padrões de potabilidade, os filtros domiciliares podem exercer papel de barreira contra eventuais recontaminações nas instalações prediais, sobretudo nos reservatórios. É oportuno lembrar que, como nos filtros lentos, os filtros domiciliares — de vela, areia ou outro material filtrante — desenvolvem um poder bactericida, através de um tratamento realizado pela camada biológica existente, que pode ser removida após a operação de limpeza.
Alguns tipos de filtros domiciliares:
Filtro de vela
Os filtros domiciliares mais tradicionais são os de vela de porcelana.
Uma operação importante nesses filtros é a da limpeza, na qual é tradicional o emprego de material abrasivo, como o sal e o açucar. Essa prática, porém, não é recomendável, pelo fato de a superfície de menor porosidade da vela, normalmente vidrada, é danificada. Após essa operação o consumidor sente uma melhor capacidade de filtração da vela, sendo que na verdade ocorre um comprometimento de seu desempenho.
Filtro de Areia
O filtro de areia tem um funcionamento semelhante ao dos filtros lentos das ETA. De forma similar, a limpeza desse tipo de filtro deve ser realizada através da raspagem da sua camada mais superficial. Após diversas limpezas, o leito filtrante deve ter sua espessura original reconstituída.
É usual a previsão de uma camada de carvão vegetal, na parte interior do filtro de areia, objetivando a adsorção de compostos responsáveis pela presença de sabor ou odor.
A eficiência dos filtros domiciliares de areia é, entretanto, discutível. Existem registros que mostram situações onde a água filtrada tem um maior conteúdo de bactérias que a não filtrada, não é recomendando assim a utilização dessas unidades, a menos que a água seja fervida ou desinfetada, após a filtração.
Aparelhos industrializados
Atualmente, o mercado, principalmente para os consumidores de maior poder aquisitivo, oferece uma grande variedade de aparelhos domiciliares.
Existem os que empregam recursos para a desinfecção, como a ozonização e o nitrato de prata. Não se pode assegurar uma confiabilidade total desses aparelhos, seja pela conversão incompleta do oxigênio em ozona, no primeiro caso, seja pela progressiva perda do poder bactericida, no segundo.
Há os dispositivos que se propõem a reduzir sabor e odor, por adsorção com carvão ativado. E necessário, entretanto, a periódica troca do meio adsorvente, quando de sua saturação.
Existem, finalmente, os dispositivos de filtração, com diversos meios filtrantes, como terra diatomácea, carvão, areia e materiais sintéticos. Nesses, a eficiência da limpeza do filtro é essencial para seu bom funcionamento.
Desinfecção
Algumas soluções simplificadas para a desinfecção de águas de pequenas instalações e a nível domiciliar podem ser utilizadas, obtendo um resultado confiável e satisfatório.
Hipocloração
A hipocloração consiste na previsão de um dispositivo dosador, para o hipoclorito - de cálcio ou de sódio. O requisito básico para um dosador é sua habilidade em regular com precisão a quantidade a ser aplicada do produto.
O hipoclorito de cálcio é um produto sólido, comercialmente fornecido em forma granular, com conteúdo de cloro ativo de 70%. Deve ser diluído em água, para aplicação, apresentando boa diluição.
O hipoclorito de sódio é encontrado sob a forma de solução, a cerca de 12 a 15% de cloro ativo. A água sanitária é uma solução diluída de hipoclorito de sódio, contendo entre 2 a 5% de cloro ativo. Um problema com o uso da água sanitária para desinfecção é sua adulteração, responsável pela concentração de cloro no produto inferior à declarada em seu rótulo.
Clorador por difusão
O uso indiscriminado de poços rasos no Brasil, especialmente nas localidades onde inexiste um sistema público de abastecimento de água, torna esse dispositivo potencialmente bastante útil. Trata-se de um equipamento para dosagem de cloro, que pode ser instalado no interior do poço raso, e que libera cloro numa velocidade relativamente homogênea, mantendo um teor residual até o término de sua vida útil, usualmente em torno de 30 dias. Nesse momento deve ser substituído.
O dosador é constituído de um recipiente e de uma mistura de areia com cloro, colocado em seu interior, quanto à mistura, são utilizados areia com um produto granular de cloro, podendo ser a cal clorada, que possui cerca de 30% de cloro ativo, ou o hipoclorito de cálcio, com aproximadamente 70%.
Clorador de Pastilha
A vantagem dessa solução consiste na dispensa do aparato para dosagem do cloro, uma vez que, nesse caso, a cloração é realizada em linha.
Não devem ser utilizadas pastilhas do tipo empregado em piscinas, pelo seu possível efeito nocivo sobre a saúde. Uma alternativa recomendável é o uso de pastilhas de hipoclorito de cálcio, disponíveis no mercado, embora com custo superior ao das pastilhas para piscinas. Como, porém, a solução tem uma aplicação potencial em pequenas instalações, o acréscimo de custo operacional não chega a inviabilizar o uso das pastilhas de hipoclorito.
Desinfecção Domiciliar
A desinfecção domiciliar usualmente é realizada quando se recebe água de um sistema coletivo sem tratamento. Os principais agente desinfetantes empregados são o cloro (com mais frequência o hipoclorito de sódio) e o iodo.
No caso do cloro deve ser calculada a diluição necessária para o preparo da solução, observando o teor de cloro livre do produto empregado, se água sanitária ou hipoclorito de sódio a 12-15% ou de água sanitária. Sugere-se preparar uma solução a 2% e dosar o necessário para satisfazer a demanda de cloro na água, função da quantidade de matéria orgânica presente. Quando não é realizado um ensaio para a determinação da demanda de cloro, pode-se empregar, como referência, dosagens entre 1 e 5mg/l.
No caso do iodo, emprega-se a chamada tintura de iodo a 8% e uma solução de hipossulfito de sódio. São colocadas 20 gotas da tintura de iodo em um garrafão de 20 litros e, posteriormente, este é completado com água a ser tratada. A mistura é deixada em repouso por uma hora. Em seguida adicionam-se 20 gotas da solução de hipossulfito. O garrafão é então agitado e colocado novamente em repouso por uma hora.
A finalidade da solução de hipossulfito é neutralizar o excesso de iodo ainda presente na água após o primeiro período de repouso. Se as 20 gotas de solução de iodo não são capazes de produzir uma tonalidade amarelada na água, significa uma elevada contaminação, exigindo portanto uma quantidade adicional do desinfetante. Nesse caso, deve-se adicionar uma gota de tintura de iodo e agitar a mistura, sucessivamente até se obter uma tonalidade amarelo pálida.
Como Tratar a Sua Água de Beber
Todas as noites antes de dormir, faça o seguinte:
1. Coloque na bilha a água que sobrou do filtro.
2. Coloque na parte de baixo do filtro 03 gotas de água sanitária para cada litro de água que você colocar na parte de cima do filtro.
3. Durante a noite, use apenas a água da bilha.
4. Pela manhã, você já pode usar a água do filtro normalmente.
Fonte: BARROS, Raphael T. de V. et al. Saneamento. Belo Horizonte: Escola de Engenharia da UFMG, 1995. (Manual de saneamento e proteção ambiental para os municípios).
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